Sou guia turística e levo passageiros para a Disney de Orlando, USA.

Em uma das vezes, viajando com um grupo de família, ao passarmos pela imigração, por volta das 23h, para a minha surpresa, o policial me conduziu para uma sala e lá encontrei 8 passageiros que viajavam comigo: um casal com dois filhos adolescentes, uma senhora com o neto e mais 2 adolescentes.

Todos estavam chorando e, apesar de eu procurar saber o porquê de tudo aquilo, não conseguia obter nenhuma posição e ainda mandavam me sentar com um simples e enérgico “sit down!“

Tivemos que assinar um documento de “ciente” que ao amanhecer iríamos ser deportados de volta ao Brasil.

Que situação! Todos chorando e eu apreensiva pela situação.

Ao sermos informados que passaríamos a noite naquela sala até a saída do voo para o Brasil, às 07h da manhã, tentei convencer os policiais a nos deixar dormir no hotel, que já estava pago. Logo depois, vi passar pela porta da sala uma aeromoça da Transbrasil, que viajou conosco, dei a lista dos nossos nomes e, discretamente, pedi para ela ligar a cobrar para minha mãe, no Brasil, informando que estávamos presos na imigração. Joguei com a sorte, porque não tinha a mínima ideia se ela iria ligar ou não. Minha mãe era a vice-diretora da agência.

Tive um forte sentimento de impotência, mas ao mesmo tempo eu dizia para os passageiros que tudo iria se resolver e que no dia seguinte estaríamos todos no parque nos divertindo. No íntimo, eu acreditava nisso mesmo: uma onda de esperança me levava a crer que era realmente isso que iria nos acontecer e essa esperança me manteve completamente calma e serena.

Fomos para o hotel, as guias estavam todas hiper preocupadas no lobby, um alvoroço total.

Fomos autorizados a fazer uma ligação para o Brasil e liguei para a minha mãe e ela me disse que a aeromoça já tinha ligado e que já estava providenciando a nossa soltura, com um grande amigo, na época, Cônsul da Dinamarca. Isso já eram 2h da manhã no Brasil.

Todos angustiados, passageiros chorando e eu tão calma e com tanta fé que tudo seria resolvido, que nem parecia que eu estava na mesma situação.

Não informaram, mas percebi que tinha algo errado com os nossos vistos, mas não sabia o quê. Ficamos em 2 quartos com uma policial dentro e outro do lado de fora dos mesmos.

Às 05h da manhã nos acordaram e fomos para o aeroporto pegar o avião de volta, mas a esperança ainda rondava o meu coração.

Chegando lá, retornamos para a mesma sala e a delegada nos informou que estávamos todos liberados e que havia sido um engano. Foi aí que nos informaram o que havia acontecido. Eles estavam desconfiados que os nossos vistos eram falsos, já que todos eram em alto relevo e os nossos eram pintados.

O tal documento que assinamos, foi rasgado na nossa frente.

Foi uma alegria geral, fomos para o parque, passando pelo hotel para deixarmos as malas.

Todos muito felizes e eu só agradecendo a Deus por tudo ter dado certo.

ID: 2020-09-00006
Temática: Preparatório Nacional 2021 – Esperança
Estilo: PodCast
Título: Imigração
Autora:  Claudia Bandeira
Data:  Setembro de 2020